🇵🇹Portugal ao serviço da Custódia da Terra Santa, do passado ao presente
O apelo da Terra Santa ecoa nos corações dos crentes que desejam seguir os passos de Cristo. Viajantes sempre partiram de uma extremidade do Mediterrâneo para a outra, mantendo Portugal ligações centenárias com os Frades Menores da Terra Santa através dos seus reis, mas também de peregrinos e voluntários apaixonados…
“Itinerário da Terra Santa e suas particularidades”, de Frei Pantaleão de Aveiro, frade menor da província do Algarve.
O relato do Frei Pantaleão de Aveiro
Os registos do “Condotte” mantidos no Convento de São Salvador em Jerusalém traçam as datas da chegada e a origem de todos os presentes recebidos pelos frades. Enquanto esses registos são agora bem conhecidos, é raro encontrar esses presentes mencionados nos relatos daqueles que os trouxeram. Recentemente, Marie-Armelle Beaulieu, diretora-geral da Revista Terra Santa, foi convidada a escrever um artigo histórico para o catálogo da futura exposição portuguesa que será inaugurada no Museu Gulbenkian no início de Novembro, e ela encontrou um relato muito antigo de um frade franciscano de Portugal, uma nação benfeitora da Custódia da Terra Santa.
Da região do Porto, Frei Pantaleão de Aveiro ficou na posteridade pelo relato da sua peregrinação à Terra Santa na companhia de 60 frades em 1563. Acompanhando os presentes dos soberanos europeus que hoje fazem parte das coleções do Terra Sancta Museum, ele permaneceu em Jerusalém por três anos. O religioso descreveu em particular a sua participação na construção do Convento de São Salvador e oferece-nos um relato único da vida na Cidade Santa no século XVI. A jornalista enfrentou uma tarefa bastante trabalhosa, pois teve que reescrever esse “Itinerário da Terra Santa e as suas particularidades” a partir do português antigo.
Os voluntários junto a algumas peças do “tesouro do Santo Sepulcro” com o Frei Stéphane Milovitch, Director do Património Cultural da Custódia da Terra Santa. © TSM
Voluntários no museu durante o verão
Quatrocentos e cinquenta anos depois, uma delegação de voluntários portugueses seguiu os passos de Frei Pantaleão por um mês de serviço no Terra Sancta Museum. António Rodrigues, na casa dos vinte anos, está a fazer um mestrado em história e património na Universidade do Porto. Juntamente com Gabriel Marques, um aluno de estudos clássicos na Universidade de Coimbra, encontraram na Ordem do Santo Sepulcro o seu parceiro missionário. Durante as três semanas em que estiveram no museu, eles trabalharam no catálogo das obras, em acções de comunicação e na tradução do folheto do museu para permitir que o público de língua portuguesa descubra o projeto. Estes jovens também vieram como peregrinos. António partilhou a sua emoção após a sua vigília no Santo Sepulcro com estas palavras: “A noite de oração na Basílica terminou ao amanhecer com o momento mais emocionante: a Missa no Túmulo. Pisar esta terra foi para mim um sonho que tive durante muito tempo e que se tornou realidade durante a minha estadia com os franciscanos. Essa experiência não teria sido possível sem o acompanhamento da Ordem do Santo Sepulcro, a quem agradeço.” Gabriel acrescenta: “Sinceramente, vou lembrar-me de todo esse tempo com nostalgia. O Terra Sancta Museum é um projeto internacional e fiquei encantado por ter tido a oportunidade de contribuir enquanto descobria a Terra Santa. Espero voltar em breve!”
Em cima: Pesquisa documental para António Rodrigues. Em baixo: Atualização da base de dados para Gabriel Marques © TSM.
Tornar a Terra Santa conhecida em Portugal
O pilar que lhes permitiu vir é ninguém menos que o cavaleiro Tiago Teles de Abreu, delegado do Terra Sancta Museum para Portugal. Ele é também o coordenador dos programas de voluntariado organizados pela Lugar-Tenência para Portugal da Ordem do Santo Sepulcro: “Os nossos programas de voluntariado são destinados a jovens universitários que desejam servir e fazer, ao mesmo tempo, uma caminhada espiritual na Terra Santa. Estas duas dimensões, serviço e peregrinação, são inseparáveis. Este ano, enviámos, pela primeira vez, voluntários para o Terra Sancta Museum e estamos muito satisfeitos com o resultado.” O museu é especialmente importante para ele: “O Terra Sancta Museum irá mostrar muito mais do que um conjunto de peças raras e preciosas. Para mim, cada uma destas obras expressa o amor que Jerusalém gera nas nações de todo o mundo, incluindo Portugal. Julgo que os visitantes irão observar esse amor em cada peça e, a partir da contemplação da sua beleza, irão encontrar-se com Deus.”
O Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, com o Delegado para Portugal do Terra Sancta Museum, Tiago Teles de Abreu, e o Director do Património Cultural da Custódia da Terra Santa, Frei Stéphane Milovitch. © TSM
É precisamente para dar a conhecer este património vivo e esta presença de Portugal em Jerusalém que Tiago teve a ideia de convidar o Frei Rodrigo Machado Soares para uma sessão de apresentação do projecto em Lisboa, em Março deste ano. O evento foi um sucesso, com um público de jornalistas e outras personalidades do mundo da arte e da Igreja.
“A minha missão é envolver os portugueses com o Museu e, através do Museu, promover a Terra Santa como um destino que todos devem visitar pelo menos uma vez na vida.” Agora, Tiago está concentrado na exposição “O Tesouro dos Reis. Obras-primas do Terra Sancta Museum”, que será inaugurada no Museu Calouste Gulbenkian em Lisboa em 10 de novembro de 2023. As obras do Terra Sancta Museum estão a chegar a Portugal como um eco do chamamento da Terra Santa a Frei Pantaleão… Não há dúvida de que esses laços centenários apresentados numa grande exposição internacional irão despertar novas vocações entre os jovens portugueses, quer como voluntários ou peregrinos na Terra Santa.
Frei Rodrigo Machado Soares, Director-Adjunto do Património Cultural da Custódia no Centro Cultural Franciscano em Lisboa. © Agência ECCLESIA/PR
Para mais informações:
Su Frei Pantaleão: http://ww3.aeje.pt/avcultur/AvCultur/Aveirilustres/FreiPantaleao.htm
Agradecimentos:
Marie-Armelle Beaulieu
Tiago Teles de Abreu, Gabriel Marques, António Rodrigues